Take a step to Dub - Visto serem conhecidos por vários projectos, quem são a Conspira / Unidade Sonora / Iberian?
Iberian - A
Conspira é a união de forças entre Roka e Xu, dois amigos que sentiram a necessidade de à 10 anos se unirem para pôr em prática várias ideias.
A Unidade Sonora é o lado sónico da Conspira, onde sessões de dj e programas de rádio são desenvolvidos pela dupla.
A
Iberian Records é um projecto que surgiu em 2006 e conta com a participação da Corsario Riddim, Roo e Howie, ambos ingleses residentes em Barcelona.
TSD - Como é que o Dubstep entrou na vossa vida e o que mais cativou nele?
I - Começamos a acompanhar o movimento que viria a ser designado por Dubstep antes de o próprio termo existir.
As nossas sessões de djing sempre tiveram um fio condutor, dub e bass music, um dos elementos mais presentes na nossa música sempre foi o UK Garage. O Xu viveu em Inglaterra de 1994 a 1999 e acompanhou de perto o nascimento do Jungle, por seu lado o Roka tem um background de Hardcore e acompanhou via mixtapes também o Jungle.
Quando nos conhecemos havia muitos pontos em comum, não só nos nossos gostos músicais mas também gráficos e na forma de trabalhar. Sempre tivemos o lema, "mais trabalho, menos conversa". Começamos a visitar com regularidade as festas que iam surgindo em Londres com um som proto-dubstep, na altura os nomes que definiam esta música que nos movia eram nomes como Dark Swing, 8 Bar, Eski Beat... Fomos em 2004 à noite Forward, onde levamos um espancamento corporal de sub-graves, em 2005 visitámos os estúdios da Rinse FM e fomos à primeira edição da mítica noite DMZ, o resto é história.
O apelo é o sub-grave... e isso só se pode sentir com um bom sistema de som, a mensagem deixa de ser só sónica para passar também a ser física.
TSD - Segundo o vosso myspace, as emissões do programa "TransMissão Conspira" começou em Outubro de 2005.
Qual era o sentimento que tinham na altura, visto que falar em Dubstep nessa altura em Portugal era certamente visto como algo alienígena?
I - A música para nós sempre representou um escape do quotidiano, serve de pretexto para nos podermos encontrar e desenvolver trabalho com pessoas que partilhem a nossa forma de pensar.
Nessa altura achamos que era necessário existir um programa de rádio sobre Dubstep, porque era a forma de nos manter ligados às pessoas que estavamos a conhecer em Inglaterra, e que partilhavam os mesmos gostos e a mesma forma comunitária de trabalhar. Dessa forma poderiamos expor o trabalho deles em terras lusas e não só, visto que a Rádio Zero é uma rádio digital.
Foi através do nosso programa de rádio que conhecemos outros artistas portugueses, como o Bruno que mais tarde viria a formar os Octa Push e o Pedro Mendes, conhecido por Mr. Gasparov.
TSD - Quando começaram a Iberiam que visão tinham?
I - A visão mantêm-se, Bass'n'Groove.
Sempre quisemos dar algo diferente e com uma identidade que representa a Peninsula Ibérica.
Portugal e Espanha têm uma cultura músical riquissima, têm ligações estreitas através da língua com Africa e América Latina.
O som vindo de Inglaterra representa o panorama inglês, dark, moody, nós tentamos dar mais cor através de influências culturais que herdamos.
Há sempre o aspecto para alcançar o novo e o híbrido nas nossas edições, pelo menos é essa a nossa pretensão, atingida ou não só os seguidores da editora o poderam dizer.
TSD - O que vós motiva?
I - Pessoas que arriscam em ideias frescas não formatadas.
Produtores que se atiram de cabeça sem normas pré concebidas de como é feita a música do estilo X ou Y e seguem os seus gostos, muitas vezes uma salada russa de influências devido ao passo actual que a informação circula, e não os gostos do vizinho do lado.
Geralmente são os jovens os mais audazes e são eles que puxam a cultura e nos motivam.
TSD - No vosso entender, quem é o público que se identifica com as vossas edições?
I - Segundo as estatísticas da nossa página de Facebook, são pessoas dos 18 aos 44, sem destição de sexo que residem na Peninsula Ibérica, Reino Unido, Estados Unidos, Alemanha, Japão e América Latina.
TSD - Sentem que existem poucos meios em Portugal onde a vossa música possa ser escutada ou criticada ou mostrada? Ou acham que a internet vai tender a resolver isso a curto prazo?
I - Portugal anda sempre uns anos atráz, é um clássico, mas depende de nós fazer com que os hábitos mudem.
Nós tentamos fazer isso. Hoje em dia já há vários meios que falam e alguns locais onde é possível mostrar a nossa música. A internet veio ajudar a ser mais acessível exportarmos o que fazemos e a educar promotores que o que é nacional é bom.
Vivemos num mundo global e as fronteiras deixam de existir quando o produto é de qualidade.
TSD - Como vêem o actual estado do Dubstep?
I - O Dubstep está a avançar e a desenvolver-se como qualquer outro estilo de música electrónico que atinge a maturidade, há pra todos os gostos.
As ramificações que surgiram do Dubstep, são excitantes e é isso que nos move, forward thinking music.
TSD - Em termos musicais, qual ou quais os projectos que tem vós chamado atenção nos últimos tempos?
I - Temos andado a ouvir mais bandas que música electrónica, não queremos referenciar estilos para não metermos o pé na poça, mas em termos nacionais os Paus e os Gala Drop enchem-nos as medidas.
Em relação à electrónica, Actress, quase tudo o que sai pela mão da Numbers ou da LuckyMe de Glasgow, projectos como Spencer, Deadboy, Rustie e da Londrina Night Slugs e Hyperdub.
Mas também estamos voltados para o que se fez no passado e o prazer de descobrir joias antigas é igualmente entusiasmante, estamos a falar de boogie/80's groove, hip-hop e house.
TSD - Quais são os objectivos para o futuro?
I - Continuar a descobrir e a editar artistas que tenham um cunho pessoal e novo na sua música e que se revejam com a Iberian Records.
TSD - Para fechar pedíamos que deixassem uma mensagem para os nossos leitores?
I - Aproveitem as heranças que existem na cultura portuguesa, a próximidade a África e América do Sul, somos uns sortudos mas andamos a dormir... toca a acordar e toca a exportar!!!