sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

Rewind 2018 by Sandro Silva


Num abrir e fechar de olhos, entramos na recta final de 2018. Como não podia deixar de ser, dê-mos uma vez mais a palavra, a alguns bassheads amigos cá da casa.

Seguindo a nossa analise ao panorama bass em 2018, recebemos os nossos parceiros do Dubplate, na voz de Sandro Silva.

 Chegamos ao fim de 2018, 10 anos após a chamada “golden age” do Dubstep, e continuamos com uma cena forte, com novos nomes, editoras e eventos a emergir, e um som que se recusa a estagnar, apesar de se encontrar sempre à volta das 140 batidas por minuto.

 Em relação ao ano passado, é possível ver a maturação de alguns artistas que já nos tinham dado bons sinais. O resultado? A quantidade enorme de excelentes lançamentos ,que tivemos em 2018, por parte de nomes que até então não captavam a atenção, como certamente acontecerá daqui para a frente. 

Destaco desde já a Navy Cut, editora de Jack Sparrow, pelo bom trabalho que teve neste departamento. Teve 3 lançamentos originais este ano com as assinaturas dos Distinct Motive (King), Dubdiggerz (Monstera) e Fiend (Jah Hear Me), 3 nomes que até há algum tempo eram praticamente desconhecidos, mas que conquistaram um lugar sólido na cena do dubstep com estes trabalhos. 

 Aproveito também para nomear a "King" dos Distinct Motive, como a minha escolha para faixa do ano. Os elementos de Dub clássico em conjunto com o bass único, composto por uma saw wave a “rasgar” a faixa inteira, são do melhor skanking material que ouvi nos últimos anos.

 Quanto a outros “novos” artistas que saltaram para a ribalta por terem feito rodar cabeças e saltar pés este ano: 

Opus com os EPs Methodist e Sharpie; Hebbe (demasiados trabalhos para os enumerar); 

A explosão dos Ternion Sound com uma corrida de editoras para os lançamentos de Verify Me, Hopeless e Parasite 6; Teffa com Roundabout e General; Lost com The General; Roklem & Sebalo com Mad EP na Version Collective e Krytikal com The Technique na Plantpower.

Ficam assim apresentados alguns nomes a ter em conta para o futuro. É um bom indicador que fiquem ainda muitos outros por mencionar, devido ao espaço limitado disponível. 

Altura de passar à nata de 2018, os discos que estiveram em rotação constante. Sem menção dos já referidos acima tivemos:

EPs:
3wa – Tripping EP (Foundation Audio)
Boofy – In My Head (Tectonic) 
Cimm – Eagle Eye (Sentry)
Commodo – Dyrge; Rikers (Black Acre; Deep Medi Musik)
Egoless – Empire of Dirt; Decolonise / Global (Deep Medi Musik; Sentry)
Headland – Young Blood / Witness (System)
K-Lone – BB-8 / Barbarossa (Wych)
Karma – Bluefoot (Innamind)
Kromestar – Savage / Righteous; Davinchi Kode (Nebula Music Group; System) 
Orson – Life Gamble (Version)
Pugilist – Cha / Syncopate (Modern Hypnosis)
Sepia – Instinct EP (Infernal Sounds)
Silkie – Reevea (Deep Medi Musik)
SP:MC – Pondlife / R1 (System)
TMSV – No Sleep (Innamind)
V.I.V.E.K – Where Were You / Step FWD; 94 / Namaste (Blacklist; System)
Yak – Rhodes Island (3024)
VA – Crucial EP Volume Two (Crucial)

 LPs:
Another Channel – (Dub) Excursion(s) (Moonshine)
Bengal Sound – Culture Clash (Self Released)
DMVU & Dillard – Where LP (Code 9 Audio)
Etch – Ups & Downs (Sneaker Social Club)
Kromestar & Danny Scrilla – Visions (Library Music)
Martyn – Voids (Ostgut Ton)
Proc Fiskal – Insula (Hyperdub)
Walton – Black Lotus (Tectonic)
X-Altera – X-Altera (Ghostly International)
VA – Splinters (AMAR)
VA – Ako Beatz presents Point Of Origin (Ako Beatz)
VA – Gradients 2 (Astrophonica)

 A prova de que 2018 foi um grande ano, é esta longa lista de lançamentos de grande qualidade, que foi difícil de reduzir ao número apresentado. Uma nota ainda para a inclusão dos breaks nos géneros de música electrónica mais mainstream, como o techno, que continua a aumentar a olhos vistos.

Kode9 e Burial fizeram uma espécie de ponto de situação do “hardcore continuum”, termo cunhado pelo próprio Kode9, na centésima Fabriclive, circulando através de uma estética urbana que os caracteriza por géneros como o Ambient, Jungle, Deconstructed Club Music, Techno e claro, Bass de todos os tipos e feitios.

Eventos como o Waking Life e o Boom, não tiveram problemas em apostar no bass, e tivemos nomes como Deadbeat, Om Unit, V.I.V.E.K, Congi e Sepia a passar por terras lusas neste Verão. 

Antes de acabar quero congratular a crew Mais Baixo, pelos eventos que têm realizado e pelo Pressão Sonora que espalha bass semanalmente na Rádio Oxigénio. Também o Take Step To Dub por mais um ano de divulgação incansável de novos lançamentos, mixes e notícias relacionadas com bass music. Agradeço pelo convite para escrever esta reflexão de final de ano, que me ajuda sempre a aperceber-me o quão bom foi. Por fim quero agradecer ao António Ramires por me convidar para colaborar com ele no Dubplate na Rádio Universidade de Coimbra. Tem sido um prazer e espero continuar a dar bass aos ouvidos de Coimbra daqui para a frente. 

Acabei a review de 2017 numa nota positiva e em retrospectiva parece-me que este ano superou as expectativas que tinha para ele. Que continuemos pelo mesmo caminho em 2019!

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Para abrir, damos a palavra a André Filipe:

2018 foi um ano espetacular para o Dubstep, depois de uma subida contida em 2016, cimentada em 2017 por releases sólidas e o voltar em grande às pistas de dança, 2018 só continuou esta feliz tendência. 2018 foi um ano com releases fortíssimas, tanto de labels mais recentes (ex. Infernal Sounds/Crucial) que as meteram num patamar de topo, como labels mais históricas a mostrar que continuam a dar cartadas e a investir no Dubstep (ex. Deep Medi, Wheel & Deal), é também interessante ver novas promotoras a chegarem-se à frente na organização de festas em Inglaterra (ex. Shitty Dubstep, Freerange, CROYDUB) o que comprova que o Dubstep está de novo com toda a força, mas desta vez com uma GRANDE diferença… Está underground, bem underground! Onde todos nós o queremos!

Este ano tive a sorte de estar em Inglaterra a tirar um mestrado, o que me permitiu vivenciar de perto todo este crescimento e viver de dentro a “scene”. Espremi tudo o que pude desta experiência. Fui a todos os eventos a que pude, quer eventos “pequenos” em que apanhei o J:Kenzo a tocar a solo toda a noite para apenas 7 pessoas de borla, quer em eventos gigantes como o CROYDUB com uma lista de se chegar aos cartazes do Outlook, com ainda ao SYSTEM 6th Birthday onde experienciei o maior sound system que já vi/ouvi/senti em toda a minha vida, algo de outro mundo mesmo! Convivenciei tanto com outros amantes deste peculiar número de batidas como com produtores e dj’s (que se revelaram surpreendentemente abertos a falar com toda a gente e também eles entusiasmados com esta ascendente onda de dubstep). Algo que me surpreendeu durante este ano que estive em Inglaterra e que demonstra o quão forte o Dubstep está, foi o facto de ter ido a cerca de 90% das festas de Dubstep em Londres que eram partilhadas nos meios habituais e NENHUMA delas desiludiu. É quase como que se o dubstep estivesse num patamar superior, onde o que quer que se possa ir ver e vivenciar, é tudo tão, mas tão bom! 

Para tornar isto um pouco mais curto, e mais objectivo, decidi deixar aqui alguns dos meus votos nos Dubstep Awards 2018 (vão lá votar nos vossos também):

Best breakthrough producer 2018: Hebbe; Opus; Ternion Sound - De frisar que Ternion Sound e o pessoal da Crucial Records (do Sleeper) tem vindo a moldar o Dubstep e a tendência tem sido as suas batidas envolventes, minimalistas e potentes virem a ganhar espaço no panorama Dubstep.

Best EP release 2018: Commodo – Dyrge - ACRE074 – Há três votos, mas se os pudesse, dava-os a todos a este EP. Para mim, mais que um óptimo EP, é uma óptima experiência!

Best released original track/remix 2018: Ternion Sound – Hopeless; K-Lone – Barbarossa; Hebbe – Mad Hatter. Esta categoria toda dominada pelo novo sangue, e cada um com um estilo tão próprio e tão inovador! Espetacular!

Best event promoter 2018: CROYDUB (sem dúvida alguma), Freerange (a apresentarem cartazes simples mas sempre de qualidade de norte a sul da Inglaterra!), o meu terceiro voto teria ido para SYSTEM se este houvesse na lista.

Em último, quero mandar o maior big up à Mais Baixo pela persistência na scene tuga de Dubstep, espero sinceramente que os eventos voltem a crescer e sejam cada vez mais! Também o maior dos apoios a todas as rádios, produtoras e promotoras que começam agora também a investir em lives nas redes sociais e eventos que incluam Dubstep. 

TSD e todos os leitores por fornecerem e apoiarem um espaço em Português onde podemos apanhar todas as notícias que andam por aí espalhadas do mundo bass que não falha! 

Parabéns e que se mantenha por muito mais!

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