terça-feira, 7 de junho de 2011

A Conversa com Ghuna X


Take a step to Dub - Para iniciar esta entrevista gostaríamos de saber um pouco mais acerca de ti. Quem é o Ghuna X?
Ghuna X - Assim resumindo, o Ghuna X é um alter-ego que arranjei por volta de 2005, quando comecei a fazer uns beats a solo.

Depois ganhou outra dimensão e dedicação da minha parte.

Acabou por tornar-se um projecto muito pessoal e sobretudo, devoto à cidade do Porto.

TSD - A partir de que momento é que a música começou a fazer parte integrante na tua vida e que impacto tem?
GX - Acho que isto começou cm 2001, em contacto com amigos de Leiria. Conheci também o Anselmo (Tonkee) e foram eles que me mostraram o primeiro software de produção.

Depois vim estudar pra FBAUP e, aos poucos, percebi que podia ir encaixando o meu trabalho pessoal à volta do som e dos objectos musicais.

TSD - Como é que o Dubstep/ Bass Music entraram na tua vida e o que mais te chamou neles?
GX - Não vivo preocupado com esses formalismos, mas entendo o ponto de vista.

Mas foi por audição de discos, troca de ideias e sobretudo crescimento mental.

Aos poucos fui aumentando o espectro, fui ouvindo melhor.

TSD - Como defines o teu processo de criação musical?
GX - Muita dor de cabeça, muito estudo, muito tweaking... Começar uma música é muito simples, levá-la a um outro estado, torná-la pertinente e pessoal já não o é.

TSD - Software ou hardware lover?
GX - Hardware.

TSD - Estando prestes a lançar o teu novo trabalho que expectativas tens?
GX - Este disco servirá para formalizar uma série de coisas... estes anos de dedicação, as músicas que fui tocando ao vivo e misturando durante meses, a autonomia que consegui, a força do diy, a merda da indústria musical, a representação de um meio artístico independente, Ghuna X já não é só beats, nem um gajo atrás dum computador, é um cruzamento de ideias emedia diferentes.

Só espero que seja ouvido e suscite curiosidade.

Não será contudo, um trabalho que se encerre em si mesmo...

TSD - Sendo este o quarto trabalho que editas em nome próprio, o que representa para ti editá-lo em vinil?
GX - Pá o vinil era um pouco a Meca musical, depois de alguns cdr's (que não resulta muito bem - apesar de gostar muito do processo de produção) acho que já estava na altura.

E como era o primeiro LP, senti que devia investir nisto. Isto ficou decidido uns tempos depois de uma conversa com o Paulo Vinhas (Matéria Prima).

Enfim, também me parece que é o suporte mais adequado, de analógico para analógico...




TSD - No teu entender, quem é o público que se identifica com a tua música?

GX - Não sei especificar, felizmente recebo boa receptividade e opiniões interessantes de pessoas de áreas muito diferentes, não só da música (ou do contexto da electrónica).

Gosto de ver pessoas muito diferentes nos concertos.

TSD - Sentes que existem poucos meios em Portugal onde a tua música possa ser escutada ou criticada?
GX - Já há muito mais do que quando comecei. Estamos na era da democratização tecnológica, para o bem e para o mal...

TSD - Ou achas que a internet tende a resolver esta situação?
GX - Ajuda, mas quando tens tanta informação ninguém te diz que o que fazes não é igual ao litro. É preciso ir fazendo a correlação com o mundo real.

TSD - Em termos musicais, que projectos chamaram a tua atenção nos últimos tempos?
GX - Raramente são coisas recentes, vou ouvindo músicos que respeito e acompanhando o que fazem, pessoal que sinto que tem alguma coisa a dizer em casa álbum/música que editam. Por outro lado, também há muito para descobrir pra trás.

Ultimamente, tenho ouvido Burzum, Lorn, Vangelis,... mas costumo ir buscar discos que me marcaram, Scorn, Kuedo, Alice Coltrane, Moondog, Plaid, etc...

TSD - Tens algum bom conselho para aqueles que estão a começar a produzir?
GX - Não se metam nisso. Fora de brincadeiras, não tenham pressa de colocar coisas cá fora. É preciso primeiro encontrar um espaço e um rumo, pode levar tempo mas é importante.

Por isso é que tens gajos que bombam muito desde cedo, mas depois desaparecem porque não criaram bases para dizer mais do que aquilo...

TSD - Quais são os teus objectivos para o futuro?
GX - Não deixar de compôr.

TSD - Qual a pergunta que nunca te foi feita e que gostavas que te fizessem?
GX - Sobre o universo particular de uma ou outra música...

TSD - Para terminar, pedíamos-te para deixar uma mensagem aos nossos leitores...
GX - Oiçam música, leiam livros.

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