quarta-feira, 30 de maio de 2012

TSD Podcast 26 - Mix by El Ninho + Entrevista


Take a step to Dub - Quem é o El Ninho? 

El Ninho – O El Ninho é um Dj e promotor que vive atualmente em Berlin, e é um dos membros fundadores do coletivo Dubmarine, juntamente com INFRA, Tom Battery and Spoke and our wonderful vj Flimmerkiste. 

Se me quiserem ver tocar, podem vir ao ://about blank em Berlim, para as Impulse party series (acontecem todas as semanas) e nas quais eu sou o residente todas as terceiras quintas-feiras do mês.

TSD - Quando é que o djing entrou na tua vida e que impacto teve? 

EN - A música sempre foi a grande paixão da minha vida, desde de novo antes sequer virar Dj, cheguei a tocar guitarra em bandas e aprendi também a tocar percussão. 

Cresci numa área densamente povoada chamada Ruhrpott, sendo o meu interesse pela Cultura Club deu-se durante os anos 90 graças aos muitos bons clubes que existia na zona. 

Naquela altura viajava todos os fim-de-semanas com os meus amigos para diferentes cidades vizinhas, de modo a explorar as diferentes sonoridades que apareciam e que eram excitantes na altura, mesmo estando mais dentro do Jungle e do Drum & Bass ia a muitos eventos de Techno e Funk. 

Sendo que foi por esta altura que me iniciei no djing, comecei por tocar Funk dos anos 70 (nada de Disco shit), ate que no começo de 2000 que apaixonei por Afrobeat e musica Brasileira, mas como sempre tive a mente aberta em relação aos mais variados estilos musicais, comecei a comprar discos de musica eletrónica e a aprender a mistura-los. 

Quando o Dubstep apareceu, soube desde logo que este era o som que iria tocar a partir dai.  

TSD - Como é que o Dubstep entrou na tua vida e o que mais te chamou nele? 

EN - Descobri o Dubstep em 2006 através da internet, não me lembro em que artigo foi, mas maneira como foi escrito fez com me interessa-se imediatamente. 

Naquela época o som era fresco, ao contrário de outros tipos de música que por cá andavam aos anos e que se tornaram previsíveis e pré-formulados. 
O Dubstep explorava novos caminhos e reunia em si um monte de influencias de outros estilos musicais que eu apreciava. 

 Mas o que me agarrou mesmo foi ter descoberto a música do Shackleton e da sua editora, esta era tão deep, dark, minimalista e percussiva, que me tocou muito forte ao nível emocional, para mim o Dubstep ou pelo menos o lado mais deep é uma declaração contra o ritmo superficial da cultura nos dias de hoje. 

TSD - Como é o Dubstep na Alemanha? 

EN - Eu não consigo falar-te sobre a cena na Alemã toda, mas a impressão que tenho é que cena cá varia muito de cidade para cidade. 

Por um lado há cidades onde as pessoas ainda não entraram em contacto com o Dubstep, por outro há cidade onde já conseguiram construir uma cena muito interessante como por em exemplo em Hamburgo, Nuremberg e em algumas cidades no Oriente como Leibzig e Dresden. 

Em termos de Berlin a cena é muito colorida, há muitas crews e Dj´s que exploram diferentes sonoridades, e é grande o suficiente de modo a garantir o financiamento de boas festas com bons nomes, e mesmo não sendo tão grande como a cena do Techno por cá, faz com seja uma cena mais familiar, na qual se fazes parte vais sempre encontrar amigos e colegas quando sais, o que a torna bastante agradável. 

TSD - Como vês o atual estado do Dubstep? 

EN - O Dubstep é o único género que tenho acompanhado desde dos seus primeiros passos no underground ate ao mainstream nos dias de hoje. 

Para mim o lado underground continua vivo e de boa saúde, produzindo boa música, sendo que o lado "rave" comercial não me interessa minimamente. 

Muitas pessoas actualmente queixam-se que as massas só estão expostas ao lado comercial do Dubstep, mas no meu entender não é uma coisa tão má assim, porque se formos a ver, esta atenção servira como porta de entrada para jovens no universo do Dubstep e alguns deles acabaram por explorar mais e vão descobrir outro lado do Dubstep. 

Também sinto que este tipo de som mais comercial trouxe ao de cima um anti-movimento de pessoas ansiosas por celebrar um som mais deep, sendo que isso é ótimo para pessoas como eu e a minha crew, que desde de sempre explorou esta sonoridade. 

No fim de tudo acho que não me posso queixar do estado actual do Dubstep, sendo que estou muito otimista em relação ao futuro. 

TSD - Em termos musicais, qual ou quais os projectos que te têm chamado a atenção nos últimos tempos? 

EN - Continuo um grande fã do trabalho do Shackleton, para mim o "Music For The Quiet Hour" e "Drawbar Organ EPs" são realmente fascinantes. 

Depois tens pessoal como Gantz de Istambul (que ainda recentemente tocou nas nossas festas) que tem editado musica incrível, ou o Darj de França, que esta agora aparecer agora ai com grandes produções, que tem me enviado muitos dubs com alta qualidade emocional. 

E como não podia deixar de ser temos o pessoal de Berlim que tem feito um grande trabalho, o INFRA que acabou de editar o ep "station 403" e uma remix para Forensic's - "God's Hands” que esta simplesmente incrível, tens a Spoke que tem um estilo único, o 1Way que tem feito trabalhos ambientais magníficos, ou o Ill K que ta sempre a mandar malhas novas cá para fora e ainda o Dingy Dysu que explora o lado mais noisy da Bass Music. 

Podia ficar aqui a mandar nomes, que eles não acabavam... 

TSD - Quais são os objectivos para o futuro? 

EN - Pessoalmente não tendo a planear o futuro em demasia, gosto de deixar as coisas acontecer de forma orgânica, especialmente quando se trata de musica, porque nunca sabemos que direcção vai tomar e quais sonoridades vão ser apelativas para nos. 

Actualmente o Dubstep preenche-me, e espero que a toda a cena continue a evoluir e que do ponto de vista criativo continue interessante. 

A nível pessoal claro que gostaria de tocar mais, estabelecer mais contactos com outros dj's, produtores e promotores, sendo que também quero focar-me mais no Ableton de modo a criar a minha própria musica. 

TSD - Uma mensagem para os nossos leitores. 

EN - Muito obrigado por lerem esta entrevista e por ouvirem a minha mix, espero que tenham gostado. 

Portugal really rocks! Espero voltar ai brevemente para umas férias.

English version in here.


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