domingo, 12 de dezembro de 2010

Conselhos para melodias descartáveis 08


Com lançamento no mesmo dia que o Fabric mix de Shackleton, Scientist Launches Dubstep Into Outer Space, é uma confirmação do estado actual do Dubstep, num ano em que rumores sobre a conquista (ou queda?) global do género, foram mais do que muitos, especialmente depois do mega sucesso do remix de Skream para a La Roux e Hyph Mango de Joy Orbinson.

O originário de Bristol, Pinch e a sua editora Tectonic tem editado Dubstep da mais alta qualidade, e este duplo álbum é bom um exemplo, posicionando-se já como um dos álbuns mais importantes da história do dubstep, ligando o género as suas origens Dub, apresentado por um dos maiores intervenientes, Scientist. O aprendiz de King Tubby, afirma que o consumo de marijuana lhe permitiu ouvir frequências que King Tubby não conseguia, Scientist entrou em contacto com o Dubstep recentemente quando tocou ao vivo com Pinch, ali forjando a ideia para este álbum. Este disco constitui-se por um primeiro disco de originais e um segundo disco de versões. Para amantes do vinil, de momento ainda só estão disponíveis as versões originais em 4Lps, em duplo CD as duas versões e em download separadamente.

As versões originais são o crème de la crème dos melhores produtores da primeira vaga de Dubstep, incluindo participações raras de Loefah e Armour (uma das metades de Vex’d que não seguiu a tendência wonky), e alguns nomes relativamente recentes como Guido e Jack Sparrow. A maioria das faixas é de origem dub old school que não são de todo estranhas a produtores mais antigos como RSD (já vindo dos dias de Smith & Mighty nos idos finais de 80 e inícios de 90) e Mala. É difícil fazer destaques com musicas tão fortes, embora sons mais old school como de Armour, ASBO (Loefah e Sgt. Pokes), Distance, e Cyrus competem com a típica intensidade de Shackleton, o half step de Mala e Pinch, o estilo dread bass de King Midas e o funky de Jack Sparrow e Kode9, deixando Guido o único mais ligado a sons mais quebrados e típicos hoje em dia.

No disco de versões, Scientist reforça a ideia do velho estilo dub e não existindo necessariamente remisturas, mas sim versões, umas funcionam melhor do que outras, com determinadas faixas que se dão mais a este tipo de versões. Bons exemplos, são as faixas de RSD (que poderia ter vindo directamente dos estúdios Channel One) a de Loefah ou a de Distance. Outras perdem algum do apelo original como no caso de Armour, onde a tarola dirigida ao peito do original, esta de certa forma apagada em eco, a de Guido, onde a diferença e bastante subtil, mas havendo outras como a de Shackleton e King Midas onde a intensidade e duplicada e leva os originais a níveis surpreendentemente profundos.

Resumindo, esta e uma colaboração que funciona quase na perfeição, se por um lado temos os maiores nomes do Dubstep a fornecerem faixas tão fortes e centradas num tipo de som infelizmente raramente visto hoje em dia neste género, por outro, temos um dos mais importantes influenciadores ainda vivo a trabalhar estas faixas em verdadeiro estilo Dub roots jamaicano, transformando esta colecção num quase livro de historia do Dub, onde seria interessante ver de seguida os mesmos protagonistas a trabalharem em faixas de Scientist.

Abraços e ate para a semana

1Way

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