quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Conselhos para melodias descartáveis 10

Porque não só de Dub vive um homem. Porque no meio de tanta música há pérolas que não conseguimos deixar de ouvir. Porque o que para mim é importante para outros é irrelevante.

13 porque 10 são poucos.



Gonjasufi – A Sufi And A Killer (Warp – Março)
Colaboração de dois super lunáticos, com uma mãozinha de
Flying Lotus. Traduz-se num disco que soa em partes iguais a psicadelismo, sampling obscuro e beats abstractos. Mais tarde resume-se num álbum de remixes ainda mais difícil de decifrar, com uma banda que ao vivo deixaria o Captain Beefheart orgulhoso.



Scorn – Refuse: Start Fires (Ohm Resistance – Agosto)
O eterno esquecido mestre do Dubstep, muito antes de alguém sonhar com o termo ou a sonoridade. Scorn oferece mais um capítulo das suas viagens industriais de extremo peso. Um dos álbuns mais intensos do ano que numa versão ao vivo toma proporções garganteias. Recomenda-se a audição em volume extremamente alto mas sem responsabilidade sobre quaisquer danos físicos ou materiais.



Teebs – Ardour (Brainfeeder – Outubro)
Flying Lotus só escolheria os melhores para a sua editora e este álbum ultrapassa qualquer presunção em relação a novas desconstruções do Hip hop. Poeirento, desconchavado mas de detalhes uniformes. Um passo em frente no novos beats de LA.



Walls – Walls (Kompakt – Maio)
Instrumentais compostos de forma livre, melodias clássicas do rock progressivo e psicadélico com laivos de experimentalismo. Despretensioso e raro dentro deste género musical. E uma contagiosa aposta da alemã Kompakt, fazendo parte da sua expansão em novos tipos de som.




Deftones – Diamond Eyes (Reprise – Maio)
Muito mais do que a habitual descarga de raiva juvenil, Diamond Eyes é um álbum sofisticado, serio e longe de quaisquer tipo de revivalismo. Veja-se como o som de uma banda que procura afastar os seus próprios fantasmas e a ser extremamente bem sucedida.



Food – Quiet Inlet (ecm – Abril)
Toda a simplicidade de um percussionista (Thomas Stronen) e um saxofonista (Iain Ballamy) que recusam quaisquer formas de virtuosismo e seguindo uma linha de contenção sublime. A contribuição de Christian Fennesz nas guitarras reafirma a soma final. Um avant-jazz com uma tonalidade gentil, estruturado por camadas de percussão, guitarra e saxofone, lembrando por vezes a sonoridade de Four Tet.



Wildbirds And Peacedrums – Rivers (Leaf – Agosto)
Como se a música deste dueto/casal sueco já não fosse sublime o suficiente, a contribuição dos génios Ben Frost e Valgeir Sigurosson (Bedroom Community) e ainda um coro, elevam a sonoridade dos Wildbirds And Peacedrums a um nível que parece apenas concretizavel no universo dos sonhos. Um álbum de uma inatingível e intocável beleza.



Marcel Dettmann – Dettmann (Ostgut Ton – Abril)
Tudo o que o Techno deve e não deve ser. Arriscado e preciso, Dettman é o teleporte perfeito para o interior do Berghain em Berlim. Denso, escuro, futurista e com uma alma que faz inveja a produções mais orgânicas. Aconselhado a quem ainda tem preconceitos com o Techno.



Deepchord Presents Echospace – Liumin (Modern Love – Junho)
Ligeiro distanciamento sonoro de um duo mais conhecido pelas incursões dub-techno, desta vez explorando a fundo o campo de field recordings, tendo por base a cidade de Tóquio. Um resultado interessante e inesperado, unindo dois géneros musicais onde os clichés abundam, injectando uma vida nova no Techno mais introspectivo.



Pale Sketcher – Jesu: Pale Sketches Demixed (Ghostly International – Agosto)
Mais um pseudónimo do prolifero Justin K. Broadrick (Godflesh, Jesu, etc) aqui vestido de cores mais electrónicas e a remisturar o álbum de 2007 Pale Sketches. Com uma identidade igualmente marcada, seguindo a mesma linha emocional e onírica de Jesu mas armado de fortes beats, guitarras substituídas por sintetizadores e construções mais pop. Brilhante como sempre!



Baths – Ceruleam (Anticon – July)
Projecto a sola do natural de Los Angeles, Will Wiesenfeld, situado algures entre os típicos beats da sua cidade natal e uma indie Pop simples, a que a Anticon nos habituou. Nunca estando completamente colado a nenhuma das duas referências, Ceruleam é maioritariamente um álbum Pop e gentil, perfeito nos dias quentes de 2010 e que se estendeu pelo Inverno.



ASC – Nothing Is Certain (NonPlus – Julho)
Num ano em que um retorno ao Drum n bass inteligente foi recheado de edições de alta qualidade, com um número cada vez maior de produtores de todo o mundo, foi o veterano ASC que deixou a maior marca, com um álbum repleto de sabores variados e super tecnológicos. De aventuras ambiente, Electro e até puros rollers, tudo se completa com naturalidade sem nunca se tornar forcado.



Digital Mystiks (Mala) – Return II Space (DMZ – Junho)
Muito provavelmente um dos álbuns mais esperados no Dubstep. Apesar de aficionados com expectativas em alta, Mala entrega um álbum curto mas conciso. Com sons meditativos do Dub mais intenso a transformarem-se em pontos luz, transportando o ouvinte para ambientes quentes. Uma prova de mestria e reafirmação de um dos grandes padrinhos do globalizado género Dubstep.

Desejo a todos os leitores e equipa do Take A Step To Dub um óptimo 2011 repleto de boa música.

Os Conselhos voltam em breve

1Way

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