Porque não só de Dub vive um homem. Porque no meio de tanta música há pérolas que não conseguimos deixar de ouvir. Porque o que para mim é importante para outros é irrelevante.
13 porque 10 são poucos.
Gonjasufi – A Sufi And A Killer (Warp – Março)
Colaboração de dois super lunáticos, com uma mãozinha de
Flying Lotus. Traduz-se num disco que soa em partes iguais a psicadelismo, sampling obscuro e beats abstractos. Mais tarde resume-se num álbum de remixes ainda mais difícil de decifrar, com uma banda que ao vivo deixaria o Captain Beefheart orgulhoso.
Scorn – Refuse: Start Fires (Ohm Resistance – Agosto)
O eterno esquecido mestre do Dubstep, muito antes de alguém sonhar com o termo ou a sonoridade. Scorn oferece mais um capítulo das suas viagens industriais de extremo peso. Um dos álbuns mais intensos do ano que numa versão ao vivo toma proporções garganteias. Recomenda-se a audição em volume extremamente alto mas sem responsabilidade sobre quaisquer danos físicos ou materiais.
Teebs – Ardour (Brainfeeder – Outubro)
Flying Lotus só escolheria os melhores para a sua editora e este álbum ultrapassa qualquer presunção em relação a novas desconstruções do Hip hop. Poeirento, desconchavado mas de detalhes uniformes. Um passo em frente no novos beats de LA.
Walls – Walls (Kompakt – Maio)
Instrumentais compostos de forma livre, melodias clássicas do rock progressivo e psicadélico com laivos de experimentalismo. Despretensioso e raro dentro deste género musical. E uma contagiosa aposta da alemã Kompakt, fazendo parte da sua expansão em novos tipos de som.
Deftones – Diamond Eyes (Reprise – Maio)
Muito mais do que a habitual descarga de raiva juvenil, Diamond Eyes é um álbum sofisticado, serio e longe de quaisquer tipo de revivalismo. Veja-se como o som de uma banda que procura afastar os seus próprios fantasmas e a ser extremamente bem sucedida.
Food – Quiet Inlet (ecm – Abril)
Toda a simplicidade de um percussionista (Thomas Stronen) e um saxofonista (Iain Ballamy) que recusam quaisquer formas de virtuosismo e seguindo uma linha de contenção sublime. A contribuição de Christian Fennesz nas guitarras reafirma a soma final. Um avant-jazz com uma tonalidade gentil, estruturado por camadas de percussão, guitarra e saxofone, lembrando por vezes a sonoridade de Four Tet.
Wildbirds And Peacedrums – Rivers (Leaf – Agosto)
Como se a música deste dueto/casal sueco já não fosse sublime o suficiente, a contribuição dos génios Ben Frost e Valgeir Sigurosson (Bedroom Community) e ainda um coro, elevam a sonoridade dos Wildbirds And Peacedrums a um nível que parece apenas concretizavel no universo dos sonhos. Um álbum de uma inatingível e intocável beleza.
Marcel Dettmann – Dettmann (Ostgut Ton – Abril)
Tudo o que o Techno deve e não deve ser. Arriscado e preciso, Dettman é o teleporte perfeito para o interior do Berghain em Berlim. Denso, escuro, futurista e com uma alma que faz inveja a produções mais orgânicas. Aconselhado a quem ainda tem preconceitos com o Techno.
Deepchord Presents Echospace – Liumin (Modern Love – Junho)
Ligeiro distanciamento sonoro de um duo mais conhecido pelas incursões dub-techno, desta vez explorando a fundo o campo de field recordings, tendo por base a cidade de Tóquio. Um resultado interessante e inesperado, unindo dois géneros musicais onde os clichés abundam, injectando uma vida nova no Techno mais introspectivo.
Pale Sketcher – Jesu: Pale Sketches Demixed (Ghostly International – Agosto)
Mais um pseudónimo do prolifero Justin K. Broadrick (Godflesh, Jesu, etc) aqui vestido de cores mais electrónicas e a remisturar o álbum de 2007 Pale Sketches. Com uma identidade igualmente marcada, seguindo a mesma linha emocional e onírica de Jesu mas armado de fortes beats, guitarras substituídas por sintetizadores e construções mais pop. Brilhante como sempre!
Baths – Ceruleam (Anticon – July)
Projecto a sola do natural de Los Angeles, Will Wiesenfeld, situado algures entre os típicos beats da sua cidade natal e uma indie Pop simples, a que a Anticon nos habituou. Nunca estando completamente colado a nenhuma das duas referências, Ceruleam é maioritariamente um álbum Pop e gentil, perfeito nos dias quentes de 2010 e que se estendeu pelo Inverno.
ASC – Nothing Is Certain (NonPlus – Julho)
Num ano em que um retorno ao Drum n bass inteligente foi recheado de edições de alta qualidade, com um número cada vez maior de produtores de todo o mundo, foi o veterano ASC que deixou a maior marca, com um álbum repleto de sabores variados e super tecnológicos. De aventuras ambiente, Electro e até puros rollers, tudo se completa com naturalidade sem nunca se tornar forcado.
Digital Mystiks (Mala) – Return II Space (DMZ – Junho)
Muito provavelmente um dos álbuns mais esperados no Dubstep. Apesar de aficionados com expectativas em alta, Mala entrega um álbum curto mas conciso. Com sons meditativos do Dub mais intenso a transformarem-se em pontos luz, transportando o ouvinte para ambientes quentes. Uma prova de mestria e reafirmação de um dos grandes padrinhos do globalizado género Dubstep.
Desejo a todos os leitores e equipa do Take A Step To Dub um óptimo 2011 repleto de boa música.
Os Conselhos voltam em breve
1Way
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