terça-feira, 15 de março de 2011

Conselhos para melodias descartáveis 18


Sem grande alarido chega-nos o álbum de estreia de Jack Sparrow, Circadian, que tem vindo lentamente a construir uma reputação desde 2007 através de várias editoras mas tendo forjado uma ligação saudável e estável desde 2009 com a Tectonic, editora responsável pelo lançamento deste álbum.

Originário de Leeds, Jack Sparrow seguiu sempre uma linha não necessariamente inovadora, encaixando-se no eixo de influências Dubstep/Techno, sonoridade associada a nomes como 2562, Headhunter, Shackleton, Scuba entre outros. Seguindo essa tradição, este álbum é sofisticado e com a mira apontada para a pista de dança, sem no entanto recorrer a artefactos comuns num género que tão rapidamente se povoou de clones. O facto de que este álbum de momento estar disponível apenas em CD (havendo um single em 12") poderá ser visto como uma das suas mais valias, ajudando ao usufruto de um conjunto de faixas coesas, ou até numa tentativa de levar o ouvinte por uma experiência ininterrupta. Coesão é de facto a qualidade mais inerente em Circadian, a variação de tempos acontece suavemente, as referências mudam de faixa para faixa sem nunca se perder a noção de que estamos na continuação de um álbum.

Se a faixa de abertura, Loveless, sendo de certa forma um lugar comum mas introduzindo-nos suavemente ao álbum, é na segunda faixa e com a ajuda de Ruckspin (Ranking Records) que temos um dos pontos altos de Circadian com Dread. Aqui, graves redondos e pulsantes seguram uma batida de carácter carnavalesco, longe de quaisquer aproximações ao UK Funky e certamente um desafio a qualquer pista de dança. Apartir daqui a viagem é intensa, seguindo-se as percussões de The Chase que se por um lado pisca o olho a Shackleton, por outro mantém a tensão na pista, algo que também acontece em Terminal (o único single a sair deste álbum para já), esta última centrando-se mais na urgência do ritmo. Shoal e Dune trazem as vibes half step e relembram-nos que Dubstep puro e duro ainda existe para além das fronteiras da Deep Medi/DMZ, está de boa saúde e recomenda-se. Relapse, como o nome indica é uma recaída em vícios antigos, neste caso o junge. Se esta se inicia como uma aproximação a sons na linha de D-Bridge, é na segunda secção e com um jorrar de amen breaks que a grandiosidade desta faixa se revela. Em jeito de saída temos a ambiental e subtil Exit, rematando um álbum que se por um lado não é inovador, por outro apresenta-se de forma simplista mas com uma atitude confiante, demonstrando a capacidade do Dubstep para atingir as pistas de dança sem recorrer a sonoridades pomposas e desnecessárias, regurgitadas repetitivamente.

Circadian é um álbum curto e incisivo, confirma Jack Sparrow como um dos produtores preocupados em manter uma linha onde a contenção e atenção ao detalhe favorecem a gratificação imediata, uma experiência por vezes rara de se encontrar.

Abraços e até para a semana com a review de Buster.

By 1Way

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