terça-feira, 29 de março de 2011

Conselhos para melodias descartáveis 20

Depois de um período de aparente calma, após o realojamento para Berlim e o álbum “Three EPs”, Shackleton parece estar imparável.

Se muitos poderiam ser desculpados por afirmar que a música de Shackleton se tornou repetitiva e sem progressão, com uma observação mais detalhada confirma-se uma preocupação inerente a outros pontos menos imediatos, como a busca de fontes de sons mais abrangente e um processo de criação de ambientes mais profundo.

Ao mesmo tempo a aceitação de alguns ritmos mais marcados torna a experiência de ouvir Shackleton ainda mais psicótica e hipnotizante.

A sua sonoridade é notória pelos ambientes étnicos e as recentes colaborações com a editora londrina Honest Jon’s Records não são de estranhar.

Desta vez temos dois EPs, Deadman e Fireworks, editados em Fevereiro.


"Deadman" denota uma fórmula constante e centrada em leves crescendos de ruído e samplando frases vindas de um álbum de “self help”, algo já ouvido em “Three EPs”.

De seguida temos dois remixes por Kevin Martin, um como The Bug e outro como King Midas Sound. Death Dub aparece no meio de ruído poeirento e tenso envolto de um marcante sub grave, enveludado pela voz de Hitomi que torna o original num quase dub/fado/futurista com a típica letra de amor perdido.

A segunda remistura, segue a mesma linha mas se por um lado acentua os níveis de poeira, por outro aumenta a urgência com as já conhecidas distantes e industriais batidas de Kevin Martin, aqui disfarçado de The Bug.


No segundo EP, “Fireworks”, Shackleton escolhe sons sci fi e desenvolve um Techno mutante que se entrega perfeitamente as mãos do génio recluso do Techno alemão T++ para uma remistura da mesma.

Uma colaboração perfeita onde orgânico e sintético se unem por terrenos abstractos.

Undeadman traz-nos de novo o sample "everyone starts from point one" de Deadman, sendo como um filho bastardo da primeira, recusando-se a deixar a festa mesmo depois de o som ter terminado.

A remistura de Mordant Music é um caso bem mais complexo onde a longa introdução nos leva inesperadamente a uma atmosfera perto das experimentações dub/reggae de Sly & Robbie com Howie B no inicio dos anos 90.

Estes dois EPs mostram um caminho revigorado e fresco por parte de Shackleton, mas que mantêm a sensação hipnotizante que já bem se conhece mas com um detalhe mais próximo a pista de dança, talvez resultado dos inúmeros eventos em que tem participado.

Isto é também o som de alguém que já esta completamente confiante e a vontade com o monstro que ele próprio criou.

Longe de ser mais do mesmo, Shackleton continua a surpreender e a infiltrar-se no DNA de todos nos que nos oferecemos a esta experiência.

Boa viagem.


Abraços e ate para a semana com o review de Buster

By 1Way


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